sábado, 27 de setembro de 2014

São Cosme e São Damião, os Ibejis no sincretismo

                    Embora na religião católica a data dedicada aos santos seja 26, é no dia 27 que as homenagens tornam-se mais fortes com a incorporação dos festejos dos cultos afro-brasileiros, incorporados pelo sincretismo religioso.


                    Além de missas e procissões para louvar os santos católicos, que, por terem estudado medicina, são considerados padroeiros dos médicos, farmacêuticos e das faculdades de medicina, o caruru (de origem africana) é a comida oferecida como forma de pagamento das promessas feitas para alcançar graças com a ajuda dos “Santos Meninos”.  Como também são considerados protetores das crianças, faz parte das oferendas a distribuição de balas e outros doces que agradam em cheio à meninada.

                   Com o sincretismo, São Cosme e São Damião são equiparados aos Ibejis, divindades gêmeas que representam a infância no Candomblé (ibeji em iorubá significa gêmeos).  Venerados na tradição católica como santos adultos que praticaram a medicina, é como “santos meninos” que estão no imaginário popular e são louvados pela maioria dos devotos. (Clique na imagem para ampliar)



                    Caruru - Um dos pratos mais tradicionais da culinária baiana, o caruru ganha destaque durante o mês de setembro, especialmente no dia 27, dia de render graças a São Cosme e São Damião, os santos gêmeos muito populares e queridos entre os baianos. O “caruru de São Cosme e Damião” ou “caruru de Cosminho” é normalmente ofertado pelos que tiveram pedidos alcançados com a intercessão dos santos.  Não faltam relatos de fé e devoção.  Assim como não falta casa em que a iguaria seja servida nesta época, principalmente em Salvador e no Recôncavo.  Também não é difícil encontrar quem espera ansioso a chegada do mês de setembro para se deliciar com o caruru dos santos gêmeos. Pode ser para muitos convidados ou apenas para sete meninos, que representam Cosme, Damião e seus irmãos Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi.  Antes do dia 27, no dia ou mesmo depois dessa data, dar o caruru de São Cosme e Damião, como se costuma falar, é uma forma de agradecer aos santos.



Como oferenda, o prato, que tem como base quiabo, azeite de dendê, camarão seco, amendoim e castanha, é preparado de forma especial, entrando, para compor, além de arroz branco, feijão fradinho, feijão preto, vatapá, farofa de dendê e galinha de xinxim, milho branco, pipoca, banana da terra frita, rapadura, abóbora, inhame, cana, ovo em rodelas, acarajé e abará.  É o famoso caruru de preceito.


Fonte: Bahia

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sétima caminhada pelo fim da intolerância religiosa reúne 1.500 pessoas em Copacabana

                   De acordo com a matéria do Jornal O Globo Online, de Eduardo Vanini, datada de 21 de setembro de 2014, mesmo debaixo de chuva, cerca de 1.500 pessoas participaram do evento, entre candomblecistas, umbandistas, espíritas, judeus, católicos, muçulmanos, evangélicos e outros. A Avenida Atlântica, em Copacabana, foi tomada por dezenas de cores e credos na tarde deste domingo, durante a Sétima Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Nos discursos, o tom era de cobrança por mais rigor no combate à intolerância religiosa que tem se manifestado na forma de ofensas e ataques a templos em todo o país, em especial aqueles que abrigam religiões de matriz africana.

Foto: Agência O Globo

                  Segundo a matéria, a notícia mais comemorada foi dada pelo Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro, que prometeu agir na reconstrução de terreiros destruídos no estado em função de ataques.
                 Interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) que promove a passeata, o babalawo Ivanir dos Santos enfatizou que o Brasil precisa tratar da mesma maneira todas as religiões e avançar no combate ao ódio religioso o quanto antes.

23 de Setembro - Dia Municipal do Candomblé

Hoje Saquarema comemora o Dia Municipal das Nações do Candomblé, pela Lei n° 1.328 de 7 de fevereiro de 2014


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Infográfico sobre Intolerância Religiosa aponta o Candomblé com maior índice de vulnerabilidade

                 O infográfico publicado pelo Jornal O GLOBO de 28 de agosto de 2014 aponta o maior índice de intolerância religiosa para os adeptos do Cadomblé (10,53%). De acordo com o centro, foi a religião mais vulnerável à violação dos direitos.

          Este levantamento feito pela PUC-RJ, só comprova que a discriminação religiosa existe desde a época da Colonização quando nossos irmãos eram escravizados. 
Deveríamos levar essa questão para as salas de aula e fazer valer a Lei 10.639/03, que torna o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas e particulares, do Ensino Fundamental até o Ensino Médio.
         Por exemplo, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira, como constituinte e formadora da sociedade brasileira, a cultura, música, culinária, dança e as religiões de matrizes africanas.

Intolerância Religiosa na Escola


Menino de 12 anos teria sido barrado por
estar com guias de Candomblé no pescoço

           De acordo com o jornal O Dia Online, de 02 de setembro de 2014, na matéria de autoria de Vania Cunha e Athos Moura, um aluno da Rede Municipal de Ensino teve que trocar de escola depois de ter sido impedido de frequentar as aulas por usar guias de candomblé sob o uniforme. O menor, de 12 anos, adotou a religião há cerca de dois meses. Como parte de sua iniciação, tinha que usar as guias durante três meses. Mas, segundo sua família, a diretora teria proibido o menino de entrar na unidade. O menino já não ia à Escola Municipal Francisco Campos, no Grajaú, há mais de um mês. Isto ocorria, segundo afirma a mãe dele, Rita de Cássia, porque a diretora havia avisado que não permitiria a presença dele usando guias ou quaisquer outros trajes característicos do candomblé.
          No dia 25 de agosto, o menino tentou voltar a frequentar as aulas, mas teria sido impedido, segundo a família. Com as guias por baixo da camisa do uniforme, além de bermuda e boné brancos, ele teria sido proibido de entrar na escola. A alegação da diretora, segundo a família, foi de que o menino estava usando roupas fora do padrão adequado. (Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia)


O estuda A mãe do estudante disse que tinha conhecimento apenas de que o uso da camisa com o logotipo da prefeitura seria obrigatório. Segundo Rita de Cássia, outros alunos usavam boné, bermudas e calças de outras cores, além de tênis coloridos no dia em que o filho foi barrado: “A diretora colocou a mão no peito do meu filho e disse que ele não entraria com as guias, que estavam por baixo da camisa”. 
             A diretora foi procurada pela reportagem, mas na escola informaram que o contato teria que ser feito com a Secretaria Municipal de Educação. A pasta limitou-se a explicar que a diretora, cujo nome não foi informado, alegou que houve um “mal entendido”. Tal fato aponta o grau de intolerância religiosa a despeito da cultura afro-brasileira em nossa sociedade. VEJA O INFOGRÁFICO.

Choro e constrangimento 

 O menino começou a frequentar outra escola municipal no Grajaú, sem ser incomodado por causa de suas guias e bermuda branca. A mãe afirma que ele ficou envergonhado e não quis mais estudar na antiga escola: ele se sentiu “julgado” pelos colegas e responsáveis que estavam no portão da escola quando foi proibido de entrar. 
Segundo a mãe, o menino chegou a ficar três dias com febre e chorou copiosamente. O pai de santo Rafael Aguiar contou que após ser iniciada no candomblé, a pessoa, além de não poder pegar sol, precisa usar roupas claras, tapar a cabeça e usar as guias por um período de três meses: “A religião tem o seu simbolismo e suas tradições, que precisam ser respeitadas”. (Colaboraram Gustavo Ribeiro e Maria Luísa Barros)
Sobre a repercussão do caso entre as autoridades, um pedido de desculpas oficial ao aluno foi feito ontem, dia 03 de setembro, para ajudar a restabelecer a fé na igualdade de crença do Estado.


Paes ainda lembrou que a sindicância foi aberta para reforçar a conduta da diretoria da escola e 

que no final serão tomadas as medidas cabíveis. (Foto: Angélica Fernandes / Agência O Dia)